“CAMÃLE KACALINGILE ATI M’BANJE”. (i) Em Pt: O que é alheio não disse “olha para mim”. (ii) Nota exegética: não devemos cobiçar os bens e as conquistas dos outros. Pelo contrário, o espírito Bantu estimula a que encaremos a conquista de algum membro da comunidade como se fosse a nossa própria conquista. É por essa razão que nas nossas línguas não existe palavra para dizer “Parabéns”. No espírito do continente, do qual muito de nós ter-se-ão afastado, diz-se: “TWAPADULA”, “TUASAKIDILA ” “NTODELE” (…). O mesmo padrão verificamos nas outras línguas dos nossos ancestrais, sendo que essas expressões correspondem a “ESTAMOS AGRADECIDOS”
Faz sentido referir e sublinhar que é saudável e altamente recomendável usarmos corruptelas de outras línguas para designar o que pode ser dito na nossa língua. Por exemplo, dentre os ovimbundu, as expressões mata-bicho (NGAO), almoço (NANYA) e Jantar (NDALELO) são muitas vezes substituídas pela importação filológica feita da língua portuguesa. O mesmo ocorre com tio (NYOHONU) e tia (PAHÃI), para citar apenas poucos outros exemplos. Antes de ir-me embora, só acrescentar que chegamos ao ponto de adoptar corrente mente as expressões MAMA e PAPA (que em rigor são corruptelas, embora tenhamos a original (palavra/expressão) nossa TATE em umbundu e TATA em grande parte das nossas outras línguas) E, pasmem-se, as expressões originais quase que apenas são usadas em insultos: SOH (pai), NYOHÕ (mãe).
A questão de fundo prende-se com a profunda carga filosófica na nossa cultura, confiada às línguas nossas. Permitir a sua corrupção é ajudar o domínio da língua, do sentir e do pensar então “invasor” e agora potencializado pelos que deveriam celebrar o “etu-mu.dyetu” .
Ao Dispor,
António Kassoma “NGUVULU MAKATUKA”